Uma economia oceânica sustentável e resiliente
A palavra oceano remete à natureza, animais marinhos, imensidão, tranquilidade… pelo menos para os brasileiros, como indica pesquisa publicada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza no ano de 2022. De fato, os oceanos abrigam de 50% a 80% da vida na Terra e cobrem cerca de 70% da superfície do planeta. Mas existem outros temas que também estão - infelizmente - relacionados ao gigante ecossistema azul, como a poluição plástica. Mais de 11 milhões de toneladas do resíduo são despejadas no oceano todos os anos, dado que foi divulgado no relatório "The Trade and Environment Review 2023", divulgado em 08 de maio deste ano de 2023 pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O documento levanta o seguinte questionamento: como podemos garantir a preservação dos oceanos e construir uma economia mais sustentável e resiliente? E nós da Onda Eco achamos essa reflexão mais do que necessária. Afinal, aqui eco.nomia e eco.logia caminham juntos.
Em primeiro lugar, é importante reconhecer a relevância da economia oceânica, que engloba diversas atividades relacionadas à exploração dos recursos desse habitat, como o transporte marítimo e a pesca. Com um valor estimado entre US$ 3 trilhões e US$ 6 trilhões por ano, ela sustenta pelo menos 150 milhões de empregos diretos ao redor do mundo, número maior que a população da Rússia. Evidentemente, essa importância depende das características geográficas e atividades desempenhadas em cada região. O Brasil, por exemplo, com mais de 7.000 km de costa, ocupa uma posição estratégica e relevante. De acordo com o relatório publicado pela UNCTAD, o país tem um forte setor de serviços marítimos e se beneficiaria com o investimento em sua capacidade de exportação de mercadorias. Mas, quando essa exploração é feita de maneira sustentável, respeitando a conservação dos oceanos, mares e recursos costeiros, ela é chamada de "economia azul”, uma abordagem crucial que busca beneficiar o planeta e a humanidade.
Nesse ponto, vale lembrar que a preservação dos oceanos está prevista no 14 Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, estabelecido pela Organização das Nações Unidas em 2015. Esse objetivo visa também a conservação e o uso sustentável dos mares e dos recursos marinhos, objetivando reduzir significativamente a poluição de todos os tipos até 2025, especialmente a advinda de atividades terrestres. É fundamental que governos, organizações e empresas se unam em prol dessa meta. No entanto, é importante reconhecer os desafios que enfrentamos. O Relatório de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2022, o único relatório oficial da ONU que monitora o progresso global na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, revelou que, entre 2009 e 2018, perdemos cerca de 14% dos recifes de coral, conhecidos como "florestas tropicais do mar" devido à sua extraordinária biodiversidade. Além disso, a poluição plástica é uma ameaça crescente. Segundo a mesma fonte, o volume de poluição plástica que entra no oceano anualmente pode dobrar ou triplicar até 2040, colocando em risco toda a vida marinha.
Com tudo isso em mente, é de se imaginar que a resposta para a pergunta apresentada no início deste artigo não é tão simples. A UNCTAD alertou que uma economia oceânica sustentável requer ações sólidas, mudanças mais amplas e a implementação e aceleração de reformas, inovações e pesquisas específicas. A Onda Eco apoia e faz parte dessa maré de conscientiz.ação. Acreditamos que apenas com iniciativas responsáveis e mudanças de mentalidade, poderemos caminhar para uma economia em harmonia com o oceano. Por aqui, investimos em embalagens de plástico reciclado e retirado dos oceanos, além de oportunizar a logística reversa e desenvolver fórmulas biodegradáveis e saudáveis, para as pessoas e para o planeta.
Por Carol Gusi
Fontes:
https://safety4sea.com/wp-content/uploads/2023/05/UNCTAD-Trade-and-environment-review-2023_05.pdf
https://unctad.org/meeting/launch-trade-and-environment-review-2023
https://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/Biblioteca/paper_oceano_sem_misterios.pdf
https://education.nationalgeographic.org/resource/all-about-the-ocean/
https://unstats.un.org/sdgs/report/2022/The-Sustainable-Development-Goals-Report-2022.pdf